Sentada
em um toco de árvore numa clareira no meio da mata estava a Preta-Velha pitando
seu cachimbo feito à mão.
Ao lado
dela, a menina, muito curiosa e ativa, ávida para desvendar os Mistérios da
Vida.
“Vovó,
porque somos tão pequenos diante deste Universo?”
“Minha
Menina, não pense desta forma. Somos parte do Todo, e assim como cada coisa na
Criação somos parte de nosso Criador. Nos aproximamos dele toda vez que fazemos
algo bondoso, mas seguimos o rumo contrário sempre que nos desvirtuamos dos
seus ensinamentos.”
“Quais
ensinamentos são estes, Vovó?”
“Um deles
é que devemos respeitar os nossos irmãos e somente fazer a eles o que
gostaríamos que fizessem conosco ou com as pessoas que amamos.
Devemos
trilhar nossa caminhada buscando nos aproximar e evoluir em cada um dos Sete
Sentidos Divinos: a Fé, o Amor, o Conhecimento, a Justiça, a Lei, a Evolução e
a Geração. Desta forma nos divinizamos e passamos a ser Luz vitoriosa sobre o
negrume de nossas encarnações anteriores.”
“Não me
parece difícil, Vovó...”
“Não
subestime as forças que possam querer te subjugar, filha... até mesmo os
desequilíbrios internos que possuir fazem parte desta tal força. Quando elas ainda
têm ressonância com nossos negativismos mais íntimos, este tipo de
interferência atinge o seu todo espiritual, conectando-a com as faixas
negativas. A melhor maneira de buscar a Luz é estabilizar-se e aprender a
dominar a sua mente ao invés de deixar-se dominar por ela, com muito amor e
auto-perdão. Desta forma, você se torna impermeável às inspirações negativas e
desestabilizadoras.”
“Acho que
compreendo, Vovó.”
“Não,
você ainda está começando a compreender agora, filha. Você só irá compreender
de fato quando começar a viver esta realidade em seu dia-a-dia.
Somos energia.
Tudo à nossa volta é energia. Tome a água como exemplo: quando ela ferve no
bule, ela se sublima e se rarefaz, tornando-se vapor. Quando ela esfria, chega
a um tal ponto que congela, cristaliza e solidifica, densificando-se.
O fator
transmutador no caso da água é o fogo purificador ou o frio congelante. No caso
dos espíritos humanos, seria a expansão da consciência ou a vicissitude nos
hábitos desestabilizadores.
Você
prefere ser vapor ou gelo, filha?”
“Eu prefiro
ser vapor... mas acho que a maioria de nós, encarnados, estamos mais para água gelada,
não é verdade, vovó?”
E as duas
amigas riam-se, em sentimentos de confraternização e muito amor, naquela
clareira cercada pela floresta, abençoadas e amparadas pelo Sagrado Pai Oxossi.